domingo, 4 de dezembro de 2011

Esta é a minha opinião - 001


Saudações, pessoal!

Hoje temos novidade! Em “Esta é a minha opinião”, trago o meu ponto de vista sobre alguns assuntos que me chamam a atenção. Bom, não precisa de muita explicação, é só ler e ser feliz (ou não).

Belo Monte VS George Carlin


Atualmente, um assunto que tem se destacado na mídia é o impasse do caso de Belo Monte, onde um projeto prevê a construção de uma usina hidrelétrica (a maior do mundo) numa região do Pará, que acarretaria numa grande área alagada, na remoção desnecessária de índios para outras localidades, no desequilíbrio ambiental e o que é pior, o fato de que a usina só seria capacitada a opera durante dois terços do período de um ano, época em que as chuvas elevariam o nível dos rios a um patamar necessário para o funcionamento de suas turbinas.

O assunto foi tão polêmico que várias pessoas se engajaram em protestar contra a medida. Nas redes sociais, é possível encontrar o tema sob a forma de algum novo tópico diário. O exemplo mais divulgado é um vídeo gravado por celebridades televisivas, onde os mesmos tentam explicar o problema de forma mais didática, incluindo o link para um abaixo-assinado destinado àqueles que se sentiram tocados a tomar parte no protesto (www.movimentogotadagua.com.br). Em decorrência disso, o humorista Rafinha Bastos fez uma espécie de paródia do referido vídeo, onde ironiza a participação dos atores globais, a condição dos indígenas que terão que ser removidos (SEM o direito de escolha), a questão da Usina de Belo Monte em si, e praticamente reprisa os mesmos pontos de vista que George Carlin possui sobre questões ecológico-ambientais. E é aí que eu entro.
Pra começar, devo dizer que sou fã do Rafinha Bastos, acho o cara muito foda. Sou um dos que simpatiza com o seu lado da corda na questão Vanessa Camargo (desculpa aí se vocês se sentiram ofendidos com uma piada DE IMPROVISO, e não foram capazes de relevar algo que deveria ser encarado como deboche, sarcasmo. O mesmo aconteceu quando Os Simpsons tentaram brincar com a imagem do Brasil. E se todos se sentissem “coitadinhos” como vocês, não haveria condições de publicar charges políticas hoje em dia. Mas chega de falar da família de Francisco). Acredito que quando se tem um poder de improviso, uma coragem de enfrentar assuntos polêmicos e a habilidade de levar o humor inteligente ás pessoas, sobretudo no Brasil, isso é motivo de sobra pra ter o meu respeito. MAS, como nem tudo são flores...
O vídeo do Rafinha me deixou realmente incomodado por algumas razões, dentre elas está o fato do humorista ser um grande formador de opinião e estar tratando uma questão ecológica como uma chacota, uma piada, um descaso no sentido mais pejorativo. Devo explicar-lhes que sempre fui ligado a temas ambientais e de preservação natural, muito mais pela necessidade de nossa sobrevivência e coexistência do que pelo interesse científico/pessoal que poderia levar, por exemplo, um contador financeiro a ser fascinado pela história da segunda guerra. Talvez eu esteja sofrendo da mesma cegueira dos que não entenderam outras piadas envolvendo outros temas passionais, e que o seu vídeo não fosse nada senão uma forma de ironizar/parodiar outra produção áudio-visual recente. Existe essa possibilidade. Mas como eu disse, Rafinha Bastos é um grande formador de opinião. E um enorme número de expectadores, a maioria jovens, terá opiniões formadas sobre preservação ambiental e especificamente sobre o caso Belo Monte através deste vídeo dele, por isso meu desassossego.
Sobre a parte em que Rafinha debocha da participação dos artistas globais, até aí tudo bem. Já vi celebridades artísticas de muito mais prestígio e talento fazendo campanha para políticos, produtos e ações tão desassociadas às suas imagens que só podia supor, na época, que a voz do dinheiro era aquela que predominava em suas pautas. Se todas aquelas celebridades estão realmente compartilhando dos mesmos ideais ou apenas interpretando papéis, é uma dúvida honesta, e não me cabe julgar. Mas coube ao Rafinha, que é humorista e precisa de combustível pra sua caldeira.
Até aqui: Rafinha Bastos 1 x 0 Pseudocelebridades.

A respeito da realocação da população (principalmente algumas aldeias indígenas) o humorista ironiza as pessoas que defendem os direitos dos índios sem nunca terem entrado em contato com algum deles. Bom, eu nunca fui ao Estado do Amazonas para ter vontade de lutar contra as madeireiras e os irresponsáveis que capturam e vendem exemplares da nossa fauna. Mesmo morando em Minas Gerais, sinto-me lesado e impotente quando noticiam algum vazamento de óleo em alto mar, como o que ocorreu recentemente envolvendo a Chevron. Nunca fui á África, mas fico destruído ao ver fotos de pessoas que não têm nada para comer. Mesmo consumindo água oriunda do rio Piracicaba, me vejo envergonhado e indignado em ver o quão pouco se esforçam as autoridades competentes para diferenciar o que eu sei do Tietê daquilo que eu sabia há trinta anos.

Certa vez, em uma matéria on line que falava sobre como os pólos geográficos estão derretendo cada vez mais rápido devido ao superaquecimento, caí na besteira de ler os comentários dos outros leitores. O mais “brilhante” dizia algo como: “E daí que o pólo norte tá degelando? E daí que os pingüins vão morrer todos e seus futuros netos jamais irão ver um de perto? Você mesmo nunca deve ter visto um pingüim de perto. Tá com dó do seu netinho? Pega um pingüim e cria ele até seu neto nascer, aí você mostra pra ele.”


Fonte: correaneto.com.br

De fato, meu contato com indígenas é zero. O que não deixa de ser uma coisa boa. Moro numa cidade de atmosfera extremamente poluída e de custo de vida elevadíssimo. O que motivaria um índio a vir morar aqui perto? E eu, o que iria fazer da vida se resolvesse largar meu cotidiano para me mudar para uma tribo nativa? Levar algum vírus para se espalhar por lá? Mas veja bem, também não estou querendo de forma alguma pregar nenhum tipo de segregação. Só quero deixar claro que cada um deveria ser livre para viver onde achasse melhor, sem que o progre$$o resolvesse que seria apropriada uma remoção involuntária.

Já o caso de Belo Monte, eu não sei de vocês, mas eu acho um absurdo em plena era tecnologia, onde podemos desfrutar de avanços como wi-fi, tablets, e levitação magnética, onde já existem meios de conseguir eletricidade através de painéis solares e torres eólicas, algumas pessoas insistirem na construção de hidrelétricas ou de termoelétricas. Estas usinas são altamente agressivas para o meio ambiente e o custo para funcionar também é elevado, o que acaba refletindo no preço repassado ao consumidor. Painéis solares e torres de vento adquirem energia limpa e de fontes gratuitas, além de não terem que alagar um Estado inteiro para serem implantadas.

Agora vou falar da similaridade entre o argumento de Rafinha Bastos e o de George Carlin. Carlin era um humorista americano que se destacou em suas apresentações de Stand Up. Entre seus textos mais famosos, existe um que trata de ecologia. Nele, o comediante profere sua citação mais famosa, “The planet is fine!” (O planeta está ótimo!). Colocando no contexto, Carlin ironiza as atitudes de preservação ambiental dos ecologistas afirmando que fatores como efeito estufa, poluição, extinção de espécies e esgotamento de recursos naturais, dentre outros, se refletirão em uma devastação não do planeta, mas sim na devastação da raça humana. Ele prossegue afirmando que a Terra já superou inúmeras intempéries, como eras glaciais, colisões com corpos celestes, etc. e que a presença humana não passa de um desses incômodos. A raça humana poderá até mesmo vir a se extinguir, mas o planeta continuará existindo depois disso. Daí, “o planeta está ótimo”! O que eu vejo atualmente é um número muito grande de intelectuais que prezam somente a lógica. Este pensamento unicamente matemático acaba por formar indivíduos “donos da razão”, na falta de um termo melhor. Acham que a verdade é aquela que eles conseguem ver ou explicar. O abstrato deve ser destruído, ridicularizado. O número de ateus tem crescido muito ultimamente, muitos porque não conseguem ver Deus em seus cálculos lógicos. Voltando ao ponto, concordo com George Carlin quando ele diz que a Terra continuará a existir após a passagem da raça humana. A questão é se ela continuará so fine, afinal, o fato do globo terrestre se tornar uma enorme esfera de enxofre e metano a 400ºC ser bom ou mal é muito relativo.

Eu estou avisando vocês: o Maluquem Experimento é muito nocivo para a saúde mental!

Em menos de quatro décadas de vida, tenho sentido as ações das alterações climáticas de uma forma que não gostaria. Em contrapartida, não vejo nenhuma ação altruísta ou engajada numa melhor preservação por parte de quem detém o poder ($) por mais pleonasmo que esta frase contenha.

Se você é nerd, erudito, intelectual, geek, antenado, descolado, atual, diferenciado, ou seja lá qual for o termo que prefira, e eu me enquadro em um deles, saiba que algumas informações que chegam até você não devem ser totalmente absorvidas de bom grado. Algumas são meticulosamente forjadas com fins secundários e ocultos. Por mais que isso possa soar meio conspiratório, não deixe de procurar em outras fontes. Imagine-se como um paciente que recebe uma notícia não muito animada de seu médico. Não se contente logo de cara, procure uma segunda opinião.

Resumindo tudo isso, quero dizer que toda forma de humor é válida, principalmente se conseguir proporcionar boas risadas. O risco é quando um estilo de vida errôneo é inadvertidamente inserido na mente de quem assiste. E não há nada mais errôneo do que desprezar a preservação do meio ambiente.

Esta é a minha opinião.

PAZ...

- Luciano Abrahão curte stand ups.

- Concorda, discorda, tem algo a acrescentar? Use o espaço de comentários e afirme-se.

- Dom. 04 de Dezembro de 2011, 02:40a.m.